terça-feira, 26 de agosto de 2008

HISTÓRIA DO OQUEI EM PATINS NO CDUP-De 1950 A 1964 (parte II)

Tinha ficado na referência ao facto "histórico" de, em 1956, o CDUP ter ganho o Campeonato Regional da II Divisão e de se ter conseguido manter nas duas épocas seguintes, na I Divisão.



Na realidade, há que ter em conta a sobreposição da época fulcral dos exames e o decorrer da fase mais importante dos Campeonatos de Oquei em patins, naquela época distante de 1956. Fatalmente que o rendimento e a assiduidade dos atletas, quer nos treinos, quer nos jogos, sofriam uma redução drástica e as consequências foram fatais na época de 1959; retorno à II Divisão a que se seguiu o abandono de alguns jogadores, por diversas razões. De notar que, nessa altura, da equipa pioneira de 1950,apenas o José Abreu se mantinha em actividade, embora como suplente.



A época seguinte foi novamente de crise, que levou os dirigentes a resolverem adoptar um plano drástico: parar uma época para, com calma e ponderação, retomarem a actividade com uma condição considerada básica e imprescindível: a contratação de um treinador devidamente diplomado pela Federação Portuguesa de Patinagem, e a tempo inteiro, isto é, sem dividir a sua actividade com outro ou outros Clubes, e ainda, ser este devidamente remunerado; passava-se assim de contratos de favor, sem contrapartidas objectivas, para um contrato devidamente assinado e com obrigações para ambas as partes.



Como o CDUP é um Clube "sui generis", não se deu a debandada dos seus jogadores, que encararam a paragem como um simples episódio passageiro: apenas um passatempo que sofria uma paragem...



Só dois atletas, o Pinto Machado e o Carlos Fontes, para não estarem inactivos, fizeram uma experiência, e foram jogar para o Futebol Clube do Porto, que, entretanto, tinha reiniciado a sua actividade, nesta modalidade, na época de 1956. Parece que a mudança de mentalidade desportiva que foram encontrar, foi demasiado radical para eles, e acabaram por sair antes da época ter terminado...



Portanto, na época de 1962, surgiu a secção de oquei em patins do CDUP devidamente reestruturada, tendo como Chefe da Secção o Couceiro da Fonseca e como Treinador, o Fernando Ranito, ex-jogador do Vigorosa e diplomado pela Federação Portuguesa de Patinagem no curso de treinadores de 1958. O objectivo principal, seria o de, através da captação de atletas mais jovens, conseguir a formação de juvenis e júniores que permitissem um renovação de valores, sem os sobressaltos anteriores. Diga-se de passagem, que a tarefa era muito difícil, pois os jogadores que estudavam nos Liceus, eram, naturalmente, atraídos pelos grandes Clubes, que dispunham de Pavilhões , assim possibilitando uma perfeita regularidade nos treinos, o que não acontecia no CDUP, onde se treinava e jogava ao ar livre.



Nessa altura, na categoria de seniores, o CDUP dispunha do seguinte plantel: Gomes de Araújo e Nuno Campilho (Guarda Redes), José Abreu, Pinto Machado, Carlos Fontes, Jorge Pereira, Tavares Fernandes, Luís Salvador e António Salvador, estes dois últimos vindos do Boavista.



O pretendido recrutamento de atletas júniores, teve algum êxito no Liceu Rodrigues de Freitas e o certo é que conseguimos concorrer ao Campeonato regional de Juniores.. E aqui ficam os nomes de alguns desses pioneiros da categoria de júniores no CDUP: Igrejas de Basto (Guarda Redes), Carona,Gonzalez, Nicolau de Almeida, Leonardo Coimbra, Pedro Cameira, Ireneu Pais e José Lobo Guedes.. E na época seguinte apareceram mais uns tantos: José Alfredo de Oliveira (Guarda Redes), Mário Mascarenhas Almeida, Mário Montes e Alfredo Pires. De assinalar que, da equipa de juniores de 1962, o Pedro Cameira já ,no ano seguinte, tinha lugar certo na equipa de seniores. O mesmo se passou, um ano depois, com o Mário Montes, o Alfredo Pires e o Mário Almeida.



Quanto à equipa de seniores de 1963, no início da época, como não tinha nenhum guarda redes, teve de recrutar dois, no Vigorosa, o Alberto Trancoso e eu próprio. O Trancoso tinha 19 anos e eu 33 e fôra, como já referi mais atrás, co-fundador da secção de oquei em patins no CDUP, em 1950. Um regresso às origens...



Na época seguinte, 1964,aos jovens que foram subindo dos júniores, juntavam-se, o Pinto Machado, o Carlos Fontes, o Tavares Fernandes, o Jorge Pereira, o Luis Salvador e o José Abreu, que se mantinham a actividade. Igualmente de referir que o José Abreu, - um dos "resistentes" de 1950 -, passou a ser o Chefe de Secção, dado que o Couceiro da Costa mudou a sua vida profissional para Lisboa.

Apesar de tudo o que ficou dito, foi uma época perfeitamente traumatizante!
Contràriamente ao habitual,os treinos não puderam iniciar-se em Outubro, mas apenas a 30 de Janeiro seguinte!!! Problemas técnicos impediram que houvesse energia eléctrica no Estádio Universitário. O que quer dizer que começámos a jogar, praticamente sem treinos, para lá do facto de, tão longa e imprevista paragem, ter tido efeitos desmotivadores nos atletas menos motivados...

Para além disso, -.que já não é pouco -, a saída de dois júniores importantes no plantel, bem assim como as subidas a seniores que acima foram referidas, impediram que o CDUP entrasse no Campeonato Regional de Júniores. Quer dizer: um passo para traz...

No meio de todos estes "abalos", ainda houve um facto extremamente positivo e relevante. A Associação de Patinagem do Porto instituiu a taça "Adelino Pinto" a ser atribuída ao Clube que com maior correcção tivesse disputado as provas organizadas por aquela Associação, e esse troféu foi atribuído ao Centro Desportivo Universitário do Porto! E no seu Relatório de Actividades, a Associação, exarou um Voto de Louvor aos atletas do CDUP pelo seu comportamento desportivo!

Numa época tão atribulada, foi uma medalha muito gratificante.

No Campeonato Regional da II Divisão, ficámos em 4º lugar, entre 9 Clubes. O que, atendendo às circunstâncias, é aceitável. Nesse ano ainda há que referir o facto de, o Carlos Fontes, ter passado a cumprir o Serviço Militar e, por isso, em poucos jogos poder ter dado a sua colaboração.


Carvalho e Castro

2 comentários:

Nitos disse...

Parabéns pela belíssima continuação.
Sugestão: aproveitem este meio de comunicação para a divulgação dos jantares/encontros, assim pode-se aumentar a frequência de visitas e quem sabe podem aparecer novos amigos.
Comentário: pesquisando "oquei do cdup" no Google, aparece em primeiro lugar o endereço do Blog.
Abraços a todos, com uma força especial para o Pai e o Padrinho
Miguel Ranito

carlos disse...

Isto é formidável e estas memórias sem ter que ir buscar a minha "Sebenta" deixam-me envergonhado com os elogios a que estava acostumado quando apareciam nos jornais, quando o Correia de Brito era nosso treinador e no caso amigo e mais tarde colega.
Só o muito amor á camisola e á modalidade nos fizeram aguentar aqueles anos,em que o meu Pai dizia, quando chegava a casa:
Por quantos perdeste ?
E mesmo sem o Ranito que foi o unico treinador "com H grande", que tivemos porque outros foram excelentes pessoas,bons amigos, uns carolas com conhecimentos da modalidade, mesmo sem o Ranito tivemos vitórias memoráveis e excelentes jogadores que por não terem preparação fisica e treinos não aguentavam com ritmo o jogo todo e afanavam rápidamente o primeiro fôlego ( e eu era um deles). Voltando aos meus tempos iniciais Tinhamos um espantoso Cucas com uma finta curta de excepção e um remate que se imagina, um Vasco Jorge seguro, forte e com "esperto na cabeça" outro jogador de excepçâo, O Freire, também com grande compleição, óptimo patinador e de feitio pouco fácil ( paz á sua alma)mas bom jogador, O Seruca, o gurda redes Santos da Cunha.que além de defender bem, também dava uns frangos e ficava fulo-
era da minha altura e quem os conheceu imaginem tês matulões de mais de um e oitenta e perto desses quilos de peso ou mais e o Pintinho no meio deles
O Telmo aida jogou umas vezes mas até ao castigo ao que julgo quando lhe apetecia. Ele que me perdoe, mas era um excelente guarda redes-
O carvalhinho, quando falar de guarda redes, tem que falar do "Baleia"( Araujo,era assim ?) e do fantástico Otilio que tão cedo se foi embora- sem a gente saber para onde.
E aqueles, formidáveis, que sem serem craques nos ajudavam a treinar.
Nestes primeiros tempos para já e sem me socorrer de cabulas aqui vão estes primeiros comentários.
Atenção, agora me lembro que comigo também entraram o Silveira, óptomo jogador e mais tarde médico e o Toninho Salvador e salvo erro o jorge Pereira "O Leão de Ovar",um dos que mais tarde por seculum seculorom, foi um dos pilares do oquei do Cdup.

Por aqui me quedo por agora