terça-feira, 12 de agosto de 2008

HISTÓRIA DO OQUEI EM PATINS NO CDUP - De 1950 a 1964 (Parte I)

Fotografia Histórica

1950- Os Fundadores da Secção de Oquei em
Patins no CDUP, na antiga Nave do Palácio de
de Cristal, no Porto.
lº plano: José Abreu,Eduardo Freire e Álvaro Cobeira
2º plano: Júlio Vidal, Carvalho e Castro e Manuel
Sepúlveda




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Apresentação


A História que se segue, é da autoria do Carvalho e Castro, - de seu nome completo, Antónío Alberto Coelho de Carvalho e Castro -, parecendo de muito interesse realçar ser ele um historiador inimitável, pois que, de entre todos nós, só ele acompanhou e viveu o nascimento desta modalidade no Centro Desportivo Universitário do Porto, - o CDUP... E ainda porque, à secção que ajudou a criar em 1950, veio dar um grande contributo, como jogador, como Chefe de Secção e , quando eu , por razões de saúde,tive de me demitir das funções de treinador, assumiu essa função e, como já era Chefe da Secção, passou a ser o responsável único da Secção de Oquei em Patins do CDUP.

Todos, "os-do-oquei-em-patins-do-CDUP", lhe devemos. pois, um profundo agradecimento, que eu aproveito para lhe transmitir através destas minhas palavras, a que, espero, as de outros se juntarão.

O texto que se segue é, como disse, da autoria do Carvalho e Castro e nele o autor è "impiedoso" para com o "temperamento" dos outros fundadores da Secção. Eu que, bastante mais novo, contactei com eles todos, acho que o nosso cronista fui um bocado duro para ele e os para seus colegas. Sobretudo quando afirma, como se lerá mais abaixo, que, de todos o jogadores ,"o único indivíduo normal era o Manoel Sepùlveda; qualquer um dos outros tinha uma "avaria"... Dos outros, em que ele mesmo se inclui... Tudo se resumia no facto de, todos, realmente com a excepção do Sepúlveda, passarem os treinos a discutir uns com os outros... E, ainda me lembro muito bem, o Sepúlveda, com a sua fleuma, metia-se de permeio a dizer, repetidamente: "Be gentlemen, be gentlemen..."

Bons tempos...

Fernando Ranito

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DE 1950 a 1964 (Parte I)


A criação da Secção de Oquei em Patins do CDUP teve origem no incumprimento, por parte do Académico Futebol Clube, da cedência do ringue patinagem para um um jogo do Campeonato Regional Universitário da modalidade. Vários atletas da Faculdade de Ciências, que eram jogadores das reservas do Académico, não aceitaram de bom grado a referida atitude.

A ideia nasceu do Eduardo Freire e teve o imediato acordo dos restantes jogadores, Júlio Vidal, José Abreu e eu próprio.

Os Campeonatos Regionais universitários realizavam-se em pleno Inverno, por isso houve muito tempo até ao início do Campeonato Regional da 2ª Divisão da Associação de Patinagem do Porto. Como não tinha havido acordo com o Académico e, ao abrigo da legislação vigente na altura, que permitia a saída de atletas para a formação de um novo clube, mesmo sem a concordância do Clube de origem,, inscrevemos, para além dos já referidos quatro jogadores, mais o Álvaro Cobeira e o Manoel Sepúlveda.

Os outros concorrentes ao Campeonato da 2ª Divisão da APP, eram o Escola Livre, o Vilanovense, o Paredes, o Educação Física da Senhor da Hora, o Desportivo da Póvoa e o Curia Sport Clube.

Tivemos um começo vitorioso mas a partir do quarto jogo entrámos em desnorte. Com a ida para férias do Júlio Vidal, começaram as "desgraças": num dos últimos jogos só tínhamos quatro jogadores, tendo sido obrigados a "colocar" como guarda redes ,o Ribeiro, que era o Chefe de Secção, embora estivesse inscrito, para qualquer emergência, e que nunca tinha calçado uns patins....

Como não tínhamos ringue, utilizávamos o do Estrela e Vigorosa Sport, dado o impasse criado com o Académico. Como também não tínhamos Treinador, um árbitro, que era de Espinho e se chamava Hilário, prestou-se a colaborar, para atenuar as nossas dificuldades, mas, a verdade, é que nós éramos uns tipos complicados...

Nos nossos treinos "artesanais" para completar os dez jogadores necessários para se fazer um jogo, apareciam sempre alguns júniores do Vigorosa e, de entre eles, será curioso destacar, o Fernando Ranito, que muitos anos mais tarde viria a ser, durante tantos anos, Treinador e jogador do CDUP.

Nós fazíamos passar a imagem de que tanto nos fazia ganhar como perder e, em relação aos adversários a teoria "pegava", mas bem no nosso íntimo não era bem assim; para imagem externa a teoria era eficaz!!!

E assim acabou a primeira época e na classificação final, ainda ficaram alguns clubes atrás de nós. O pior era que, na totalidade da equipa, o único indivíduo "normal" era o Manoel Sepúlveda; qualquer uns dos outros tinha uma "avaria"...

No ano de 1951 continuou a mesma indefinição, sem rei nem roque,"alguém" a fazer de treinador, mas sem tempo, disponibilidade e também sem grandes "saberes"; boa vontade qb... Recebemos um efectivo reforço, o Álvaro Guimarães, ex-junior do Académico e mais alguns pseudo jogadores para as falhas, - o Emílio Peres (Guarda redes), o Mascarenhas e o Alfonso Fernandez.

Nesse ano já concorremos ao Torneio de Abertura e ao Regional. Assim, à distância, creio que foi pior a emenda que o soneto. E como os jogos só davam para discussões no balneário, porque cada qual tinha a pretensão de que era um "Crack", no fim da época, o Sepúlveda e eu, resolvemos ir jogar para o Académico.

Portanto, na terceira época, houve movimentação de jogadores, com as saídas citadas, mas com o ingresso do Frederico Begonha, do Vigorosa e o Santos da Cunha, do Académico de Braga. Por essa altura a questão do treinador já tinha uma solução estável, com a colaboração do João Coelho de Almeida, ex jogador do Académico e treinador dos juniores desse Clube. Ao menos já existia alguém que conseguia pôr nos eixos uma anarquia generalizada... Também se conseguiu outro salto qualitativo com a entrada de um Chefe de Secção, o Serafim Oliveira, que conseguiu a vinda de vários jogadores, como o Telmo Pinto Basto, o Agostinho Carvalho, do Infante de Sagres, o Leal Seruca e ainda outros.

Na época de 1954, ocorreu um facto muito relevante na história do oquei no CDUP: a entrada do Carlos Pinto Machado, vindo do Colégio Militar, onde jogava oquei em patins. Com um espírito de verdadeiro lider, conseguiu que se começasse a formar um elevado espírito de grupo e, consequentemente, de laços de amizade, que até então só existiam em teoria... Espírito de grupo que se tornou numa das mais relevantes características desta Secção, e que leva a que, ainda agora, 50 anos passados, nos reunamos periodicamente em jantares, de convívio verdadeiramente fraterno. O Carlos Pinto Machado, para além de um exemplar capitão de equipa, foi, Chefe de Secção e chegou mesmo a ser Director do CDUP.

Um "sururu" num desafio particular em Viana do Castelo serviu de pretexto para a interrupção da actividade da Secção até final da época.Foi este o primeiro "stop" na actividade da Secção.

Na época seguinte assistiu-se a uma reorganização da equipa e a uma maior eficiência na chefia da Secção, já que o Pinto Machado se tinha que dispersar nas suas actividades, de jogador e dirigente; foi para Chefe de Secção um ex-Secretário Geral do CDUP, o António Couceiro da Fonseca. Também se conseguiu, embora em "part time", a colaboração do Manuel Correia de Brito como treinador e foi também a altura em que a Secção começou a reivindicar, junto da Direcção, a construção de um ringue, no Estádio Universitário, o que veio a obter, no ano de 1957.

Portanto, por aqui se vê que o ano de 1956, foi o ano da consolidação e da expansão, já que para além do já referido, entraram novos jogadores com crédito firmado que foram, durante muitos anos, a estrutura base da equipa : o Jorge Pereira, do Infante de Sagres, o Adriano Pimenta ,do Vigorosa e do Académico de Braga, o Carlos Tavares Fernandes, da San joanense. Tudo isto culminou com a conquista do primeiro título de Campeão Regional de 2ª Divisão, torneio onde então militavam clubes como o Valongo, o Leixões e o Boavista, com a consequente subida à primeira divisão regional. Foi na altura em que entrou, outro dos jogadores "de sempre" do CDUP: o Calos Manuel Sousa Fontes.

Com este conjunto de atletas e numa altura em que uma equipa era constituída por oito jogadores, sendo dois, guarda redes, o CDUP alcançou um feito histórico, conseguindo permanecer entre os Grandes da Associação de Patinagem do Porto, durante duas épocas seguidas!

(a continuar...no próximo fascículo)

CARVALHO E CASTRO




5 comentários:

Nitos disse...

Boas!
Muito bom! e começo a perceber porque é que joguei óquei e não futebol...
Vamos lá continuar...
Abraços a todos.
Miguel

A. Nunes disse...

Meus caros amigos, agora já dá para perceber porque é que eu, quando vim do SNECI de Lço. Marques para o Porto não encalhei no Académico do Porto, como a "carta de apresentação" que eu trazia fazia prever! Realmente, ao fim de 40 anos (QUARENTA ANOS?! Nãooooo! 41!) eu ainda me revejo naquela época grandiosa e empolgante em que jogávamos "curto à frente" e, quando era preciso, era um verdadeiro "vira milho"! O CDUP foi, nessa altura, a minha verdadeira "família" e, por isso, mesmo que nem sempre consiga manifestá-lo da forma mais adequada, o meu ponto de equilíbrio numa cidade desconhecida, num ambiente estranho, num "país" diferente!
Parabéns ao Fernando e ao Carvalhinho por esta iniciativa brilhante!!!
José Nunes

A. Nunes disse...

Já deu (espero) para perceber que aquele "José" do comentário anterior não é mais do que o Nunes dos frangos...
Nunes

FERNANDO RANITO disse...

José há só um: o Zé Nunes e mais nenhum!!!!

Único e inconfundível!!!

Apareça sempre


Fernando Ranito

Anónimo disse...

Este comentário serve para testar "os comentários".
Abraço
Nitos